Imagem de capa da notícia Professora de Educação Física do Paraná brilha mundialmente na arbitragem de goalball

Professora de Educação Física do Paraná brilha mundialmente na arbitragem de goalball


29/09/2025 08:11 Autor: Marcio Edison

Na rede estadual de ensino do Paraná, a inclusão vai além da sala de aula e se estende também às quadras esportivas. Professores multicapacitados, comprometidos em ampliar horizontes e promover a diversidade, mostram que a educação se constrói em múltiplos espaços, onde o esporte é também ferramenta de transformação social. Um exemplo é a professora de Educação Física Fabiana Batista Milioransa, do Colégio Estadual Jardim Universitário, em Sarandi, no Noroeste do Estado.

Fabiana é uma figura de destaque mundial na arbitragem do goalball, esporte paralímpico voltado a pessoas com deficiência visual. Ela é a prova viva de que a atuação docente pode ultrapassar os limites da escola e inspirar novas gerações por meio de conquistas que unem excelência profissional, inclusão e representatividade.

"Meu pai possui deficiência visual completa e foi um dos pioneiros da modalidade no Brasil", conta Fabiana. "Desde pequena, acompanhei os treinos dele e essa convivência foi determinante não só para que eu me apaixonasse pelo esporte, mas também para que desenvolvesse sensibilidade e empatia em relação à deficiência visual." A professora cresceu "respirando" goalball, o que a fez entender que o esporte vai muito além da competição. "É sobre igualdade de oportunidades e sobre enxergar as pessoas para além de suas limitações", afirma.

Em 2007, Fabiana iniciou sua trajetória como árbitra, participando, nos anos subsequentes, das mais importantes competições internacionais, como os Jogos Paralímpicos do Rio 2016 e de Paris 2024. Nesta última edição, foi a única representante brasileira e sul-americana na arbitragem do goalball. Recentemente, conquistou a certificação Nível 3 Internacional, o mais alto grau na arbitragem da modalidade. "A arbitragem do goalball é dividida em diferentes níveis: Regional, Nacional e Internacional, que possui três etapas, sendo o Nível 3 o mais elevado", explica Fabiana. Atualmente, apenas 33 pessoas no mundo possuem essa certificação.

Entre os momentos mais marcantes de sua carreira, Fabiana destaca a emoção de apitar a partida que marcou a aposentadoria do pai, após 37 anos como atleta. "Tudo que conquistei na arbitragem é graças ao apoio e à influência dele. Foi impossível conter as lágrimas naquele momento", relembra com carinho.

Paralelamente às suas conquistas olímpicas, Fabiana sempre nutriu uma paixão pela docência. "Desde a infância, eu admirava os professores de História, influência direta do meu pai", comenta. "Mas acabei escolhendo Educação Física na Universidade Estadual de Maringá (UEM)." Foi durante os estágios que ela descobriu sua verdadeira vocação. "Tive a certeza de que queria estar em sala de aula, contribuindo não só com a transmissão de conhecimento, mas também com a formação de cidadãos."

Formada em 2011, Fabiana ingressou na rede estadual como PSS (Processo Seletivo Simplificado), conciliando os primeiros passos na carreira docente com a arbitragem internacional. Desde 2015, integra o Quadro Próprio do Magistério (QPM). Hoje, além de representar o Brasil nos principais palcos do esporte paralímpico, Fabiana inspira os alunos do colégio ao levar para a escola valores de respeito, superação e inclusão aprendidos nas quadras. As aulas acontecem quatro vezes por semana e participam cerca de 300 alunos, portadores ou não de deficiência, do 9° ano do Ensino Fundamental e da 1a série do Ensino Médio.

"O esporte ensina valores essenciais, como respeito e superação. A experiência aproxima os alunos da inclusão de forma concreta, mostrando que o esporte é, de fato, um espaço para todos", acrescenta Fabiana. Ela percebe que a prática do goalball tem despertado nos estudantes um grande interesse e valorização pela modalidade, além de promover o respeito e a compreensão das necessidades específicas dos portadores de deficiência visual.

Sobre o goalball, é um esporte coletivo paralímpico criado especialmente para pessoas com deficiência visual. As partidas são disputadas por duas equipes de três jogadores cada, que utilizam vendas nos olhos para garantir igualdade de condições. O objetivo é arremessar uma bola com guizos em direção ao gol adversário, enquanto a equipe de defesa deve ouvir o som da bola e se lançar ao chão para impedir que ela ultrapasse a linha de gol. O jogo é silencioso, exigindo concentração, comunicação entre os atletas e percepção auditiva apurada.

Fabiana Milioransa é um exemplo de como a educação e o esporte podem caminhar juntos, promovendo inclusão e superação. Seu trabalho tanto nas quadras internacionais quanto na escola mostra que, com dedicação e paixão, é possível construir um mundo mais justo e igualitário, onde cada pessoa, independentemente de suas limitações, tem a chance de brilhar e fazer a diferença.


Créditos imagem: SEED Fonte/Créditos: Agência de Notícias do Paraná
Foto do autor Marcio Edison
Marcio Edison

Jornalista, radialista. Formado em Matemática (PUC/SP) e Comunicação Social (UNIP/SP) também é desenvolvedor web, palestrante de tecnologia e CEO da mexcorp.net

Voltar para o início